A luta LGBTQIA+ no esporte

No mês do orgulho LGBT, vale ressaltar a importância e a influência do esporte como aliado na causa contra o preconceito


Por Paulo Iorio


Foto 1: Bandeira protestando em uma parada LGBT

Reprodução: G1 DF


Durante o mês de junho é comemorado o orgulho LGBT+, em que grupos ligados à causa promovem eventos e paradas em quase todos os países, como forma de lutar contra o preconceito. Por sua vez, o Brasil segue sendo o país que mais mata população LGBT+ no mundo - uma morte a cada 29 horas, segundo relatório produzido pelo Observatório de Mortes e Violências contra LGBT+.


O esporte é um dos principais meios que pode se alinhar na luta pela comunidade, tendo em vista, sua influência na sociedade, principalmente, na brasileira. No último dia 17 de Maio, data em que celebra-se a luta contra a homofobia, 32 clubes de futebol entre a série A e B se pronunciaram a favor da causa. 


O Vasco, exemplo de combate em causas sociais em toda sua história, postou em suas redes a imagem a seguir, com a seguinte legenda: “Dia Internacional da Luta Contra a Homofobia. O Vasco da Gama se posiciona contra qualquer preconceito e naturalização do ódio. Sempre. Diversidade. Liberdade. Equidade. Amor”.


Foto 2: Vasco escrito com as cores do Arco-Íris

Reprodução: Twitter (@VascodaGama)


No dia anterior, 16 de maio, o assunto foi amplamente abordado depois que o jogador do Blackpool, Jake Daniels, se assumiu gay, tornando-se o único jogador profissional abertamente homossexual do Reino Unido. O garoto de 17 anos foi muito bem acolhido por grande parte dos britânicos, de Harry Kane, jogador da seleção inglesa, ao príncipe William. 


Em entrevista ao canal Sky Sports, Daniels afirmou querer ser um exemplo e ainda completou: “Existem pessoas por aí, no mesmo espaço que eu, que podem não se sentir à vontade para revelar sua sexualidade. Eu só quero dizer a elas que você não precisa mudar quem você é ou como você deveria ser, apenas para se encaixar”. 


Foto 3: Jake Daniels jogando futebol

Reprodução: Instagram (@officialjakedaniels)


Essa luta não é vista apenas dentro das quatro linhas, mas também, por parte dos torcedores e seus espaços na arquibancada. Wendel Queiroz, torcedor do Esporte Clube Vitória (da Bahia) e um dos fundadores da torcida LGBToria descreveu a experiência: "Pessoas LGBTQIAP+ são pessoas normais como os heterossexuais e merecem respeito e inclusão em todos os ambientes também. As pessoas da nossa torcida gostam de futebol, são apaixonadas pelo Vitória e gostam de frequentar o Barradão, mas a imensa maioria não frequenta justamente com medo dessa violência que coloca nossos corpos em situação de vulnerabilidade; a gente merece frequentar os estádios se sentindo bem". 


Wendel ainda completa em relação ao apoio do seu clube de coração: “Não achamos que nosso clube luta por nossa causa, quando fundei a torcida eu tinha apenas 16 anos e recebi diversas ameaças sérias, que colocaram minha vida em risco e eu fui através das redes "pedir socorro" para o clube, porém não tivemos nenhuma resposta".


Debater sobre o assunto é uma das principais formas de caminhar para uma sociedade livre do preconceito. A atleta de Futsal da Atlética de Artes de Comunicação Social da UFF, Marina Barcellos, é bissexual e falou sobre a visibilidade e influência do esporte: "O que percebo é que os esportes femininos são muito mais inclusivos com a questão. [...] O esporte é um espaço cheio de ídolos, acaba sendo uma vitrine, uma referência para a sociedade. Dentro do jogo, como deveria também ser em outros espaços, o que importa é a sua dedicação, foco etc, não sua orientação sexual”.


Foto 4: Josiane Lima com a medalha paralímpica 

Reprodução: Instagram (@limarowing)


Para Josiane Lima, atleta paralímpica de remo - primeira a conquistar uma medalha no remo paraolímpico - e lésbica: "Nesse mês do orgulho LGBT, o mais importante é a gente mostrar nossa existência e ocupar os lugares. Estar nos lugares é uma manifestação de resistência, de resiliência”.

 

O mês de Junho serve para lembrar a luta que os LGBTQIA+ encararam em Stonewall e que ainda enfrentam no dia-a-dia para garantir o direito de viver e amar. A LGBTfobia existe em todos os ambientes e são necessários união e movimentos em todos os âmbitos para que esse crime possa ser combatido.


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