O impacto da falta de informação sobre a eleição para reitoria no futuro da UFF

Com informações escassas nos canais de comunicação da UFF, propagandas se fazem mais presentes do que informes efetivos sobre as eleições.


Por Carol Peres


Foto 1: Propaganda das chapas no campus do Gragoatá

Reprodução: Arquivo pessoal


Apesar da proximidade das datas da eleição para reitoria da UFF, os alunos mostraram ter pouco conhecimento sobre o assunto, uma vez que possuem acesso à escassas e incompletas informações sobre o funcionamento da votação e sobre as propostas dos candidatos. O processo está marcado para ocorrer entre os dias 21 e 23 de junho nos diferentes campi da UFF, e o envolvimento dos estudantes é imprescindível.


Há três chapas na disputa, a chapa 1 é composta por Antonio Cláudio e Fabio Passos, a chapa 2 é composta por Wilson Madeira e Wladimir Tadeu, e a chapa 3 é formada por Roberto Salles e Izabel Paixão. O resultado da eleição definirá qual das três irá assumir a gestão durante o período entre 2022 e 2026, e é inegável sua importância para o futuro da universidade. Nesse sentido, a participação dos estudantes faz-se essencial na escolha deste cargo tão significativo. 

Porém, não é fácil encontrar informações sobre como é feito o processo de votação. Nos principais canais de comunicação da universidade, como o site e as redes sociais, não é explicado sobre o horário da votação, ou se há a necessidade de documentos. No site oficial da UFF, o único comunicado sobre o processo é que será feito com o uso de urnas e cédulas eleitorais.


Foi realizada uma breve pesquisa de forma virtual com alguns graduandos, e o resultado obtido foi que nove, dentre treze pessoas, não estão cientes de como funciona a eleição. Essas mesmas nove pessoas também não conhecem as propostas dos candidatos, este é o caso de Lorenna Gomes, estudante do primeiro período de Processos Gerenciais. O único contato que ela teve com o tema foi através dos banners que estão nos campi, e segundo ela isso pode gerar consequências negativas. “[...] os estudantes acabam não sabendo das propostas dos candidatos, sobre o que eles pensam e defendem e assim, se votar em qualquer um e essa pessoa ganhar pode acabar prejudicando a universidade em vários fatores”, pontuou Lorenna. 


Sobre a questão da falta de informações, a professora do curso de Jornalismo Tatiane Mendes afirma que a falta de engajamento de alguns alunos pode ser causada por essa escassez. “Acredito que a falta de participação dos alunos em questões administrativas é resultado da ausência de políticas, canais de comunicação e escuta da própria universidade que, muitas vezes, não tornam o fluxo administrativo transparente e dificultam o contato dos alunos com determinados espaços”, afirmou. Panfletos e banners não oferecem uma abordagem profunda para um tema tão complexo como esse, que implica não somente na qualidade da educação mas também nas políticas de assistência estudantil, que são essenciais para a permanência dos estudantes na universidade. “O papel da reitoria é fundamental para o fortalecimento das pesquisas, projetos e demais atividades acadêmicas”, Tatiane explicou.


Tamanha incerteza não é nem um pouco benéfica para a universidade. Como consequência disso, os estudantes acabam se afastando dessa parte da vida universitária e deixando de participar de forma ativa, principalmente pois muitos não têm noção da importância que a reitoria possui. Emanuel Borges, estudante do 10º período de Direito e militante do RUA UFF, ressalta que a mobilização dos alunos possui muita força. “Acredito que a democracia universitária é uma parte importante da UFF. Participar dos processos que irão decidir os gestores da nossa universidade é uma grande responsabilidade, e acredito que todos deveriam se envolver, conhecer as propostas e votar na eleição de Reitoria. O reitor cumpre uma função central dentro da universidade, sendo o cargo de maior importância”.


De acordo com o estudante de direito e colaborador da chapa 1, Alexandre Sacha, na hora de votar é indispensável evitar notícias falsas e tentar ter uma visão ampla sobre os candidatos. “É isso que eu acho que é o mais importante, votar pensando no melhor pro corpo estudantil, o que vai realmente agregar pro corpo estudantil, o que vai fazer a gente crescer como universidade, o que vai fazer a gente ter uma universidade mais inclusiva, mais aberta, mais progressista [...]”.


Tanto Emanuel quanto Alexandre ressaltam que os estudantes devem buscar conhecer melhor as propostas das chapas, o que é possível através do email enviado pela UFF com a mensagem dos candidatos e através dos sites de cada uma das chapas, mas é inegável que a divulgação dos programas pelos perfis da universidade facilitaria isso, uma vez que eles têm um alcance muito maior de alunos. O perfil da UFF no Instagram, por exemplo, possui atualmente 66 mil seguidores, e o perfil no Twitter possui 57 mil seguidores.


Outra questão crucial do processo eleitoral é o debate entre candidatos, os quais estão disponíveis no site e tiveram suas transmissões anunciadas no perfil do Instagram. Todos os debates que já ocorreram estão presentes no canal no Youtube da TV Universitária da UFF (Unitevê). Todavia os vídeos têm um alcance bem inferior comparado às outras redes, evidenciando uma divulgação ainda insuficiente.


Foto 2: Debate entre candidatos no dia 10/05/2022

Reprodução: Captura de tela do vídeo disponível no canal Unitevê


É igualmente indispensável conhecer as necessidades dos graduandos, para ver se elas estão em conformidade com as propostas dos candidatos. “Assim, achamos que é urgente a ampliação das políticas de assistência estudantil, para garantir que as pessoas consigam permanecer na universidade. Outra política pública essencial para nós são os projetos de lei do Passe Livre Municipal (em Niterói), e Intermunicipal, que tramitam na Câmara de Vereadores e na ALERJ. Estamos na luta para conquistar este direito, que mudaria a vida de muitos estudantes”, declarou Emanuel.


Acredito que a participação dos alunos é fundamental na organização e democratização de todas as atividades que envolvem o campus universitário”, reforçou Tatiane. Levando em consideração esse contexto, buscar compreender melhor as propostas e os princípios dos candidatos, informar-se também sobre as reivindicações dos estudantes, e refletir sobre o tema de forma crítica, são alguns dos passos para votar com consciência. Acompanhar a gestão do próximo reitor é também de extrema importância, assim como cobrar dos responsáveis uma comunicação mais clara, de forma que os estudantes fiquem informados sobre as questões da vida universitária e se envolvam mais com os assuntos estudantis. Todas essas ações são simples, mas são formas de participação muito expressivas que refletem diretamente no meio acadêmico.


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