Os benefícios da arteterapia

Como a prática da arteterapia pode melhorar o estilo de vida dos pacientes


Por Yasmin Martins


Com o intuito de identificar nos pacientes informações sobre o inconsciente, as vivências e como as experiências de vida os afetaram, a arteterapia tornou-se um método utilizado por muitos psiquiatras no mundo inteiro. Fazendo com que o tratamento, mais lúdico e humanizado, se torne um caminho para novas descobertas.


Foto 1: Atividade terapêutica por meio da pintura

Reprodução: Site da Santa Casa de Maringá


Os benefícios da arteterapia para a saúde mental


“O processo terapêutico visa identificar quais pensamentos, sentimentos e emoções foram desencadeados a partir de uma situação vivida. E qual o comportamento foi apresentado como consequência. Assim sendo, a forma como o paciente percebe e estrutura o mundo é o que determina suas emoções e comportamentos” explica a psicóloga, Simone Antonio.


Com isso, é possível entender o porquê da arte ser usada como um recurso terapêutico. Atividades como pintura, colagem, teatro, música e dança, por exemplo, são escolhidas por conseguirem ser um forte canal de expressão da subjetividade humana. Além disso, elas ajudam na inclusão social de seus pacientes e no desenvolvimento de questões como: expressão de sentimentos, autoestima, confiança, concentração, atenção e memória.  


Nise da Silveira e a humanização da psicoterapia no Brasil


Um dos maiores nomes relacionados a esse tipo de tratamento é Nise da Silveira, psiquiatra pioneira na luta antimanicomial e contrária a métodos agressivos. Quando começou a trabalhar no Centro Psiquiátrico Pedro II, a médica teve contato com tratamentos brutais, como a lobotomia, o eletrochoque e o choque insulínico, a deixando inconformada e com o desejo de buscar novas formas terapêuticas. Segundo Nise, “É necessário se espantar, se indignar e se contagiar, só assim é possível mudar a realidade”.


Foto 2: Cartaz do filme “Nise: o coração da loucura” e foto de Nise da Silveira

Reprodução: Google imagens


Como consequência, a psiquiatra fundou setores dedicados a trabalhos manuais, como marcenaria e sapataria; oficinas de teatro, aulas de esportes variados e ateliês de desenho e pintura, todos eles ligados pelo laço do afeto e da compreensão. Dessa maneira, Nise revolucionou a psicoterapia, criando diversas possibilidades para centenas de clientes, como os chamava, beneficiados pelo seu tratamento. Atualmente, exposições nacionais e internacionais com obras feitas pelos frequentadores dos ateliês de pintura, criados pela doutora, são feitas quase anualmente. 



A importância da inclusão social


Um fator relevante a ser analisado é como essas atividades contribuem para a inclusão de seus grupos na sociedade.

“A educação inclusiva é importante para a sociedade na medida em que desenvolve as potencialidades das pessoas com deficiência, preparando-as para terem cada vez mais autonomia, de modo que possam se tornar atuantes e participativas no mundo em que vivemos” afirma Luciane Machado, professora de atendimento educacional especializado em sala de recursos em Maricá.


As salas de recursos multifuncionais são locais com jogos, brinquedos e equipamentos de informática utilizados para a integração de crianças e adolescentes com diferentes tipos de deficiência física, mental, intelectual e também com transtornos globais de desenvolvimento. Além disso, Luciane orienta as famílias e faz parcerias com os profissionais que atendem esses alunos, como os médicos neurologistas, psiquiatras,  psicólogos e terapeutas ocupacionais.


A arteterapia é não só um método de tratamento, como também de descobrimento pessoal. “Uma grande diversidade de temas, desde traumas e conflitos emocionais, aspectos das relações interpessoais em um grupo, expectativas profissionais, gênero e sexualidade, identidade pessoal e coletiva, entre outros, podem ser abordados pelo psicólogo através da arte" comenta a estudante de psicologia da Famath, Mariana Carvalho. Os tratamentos psiquiátricos por meios artísticos proporcionam uma melhor qualidade de vida para os seus praticantes, e por isso as suas práticas devem ser incentivadas por profissionais e pelo governo.


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