As formas de sobrevivência da cultura niteroiense fora do Museu de Arte Contemporânea.
Por Maria Clara Machado
Quatro da tarde de uma sexta-feira ensolarada de outubro, na cidade de Niterói. As portas do Museu Janete Costa, inaugurado em 2012, se encontram abertas, mas o salão principal, vazio. No Solar do Jambeiro, casarão que se tornou um dos grandes centros culturais da cidade, o cenário é o mesmo. Enquanto isso, dezenas de pessoas se reúnem em frente ao Museu de Arte Contemporânea (MAC), cartão postal da cidade, para tirarem fotos com a obra arquitetônica. No entanto, o cenário não desanima quem trabalha nestes centros culturais, que contam com diferentes projetos para a captação de público.
Foto 1: Fachada do Museu Janete Costa de Arte Popular
Reprodução: site https://www.culturaniteroi.com.br/janete
Não é novidade para quem é familiarizado com a cidade de Niterói a importância do Museu de Arte Contemporânea. Conhecido por ser um dos mais famosos trabalhos arquitetônicos do carioca Oscar Niemeyer, o museu é, por si só, uma obra de arte, levando milhares de pessoas semanalmente para sua área externa e exposições. Assim, o contraste do museu com os outros espaços da cidade é abismal. Marina Rodrigues, mestranda em Artes Visuais e moradora da cidade, acredita que “boa parte do público frequentador do MAC vai ao museu pela popularidade estética”.
Ao contrário do ponto turístico, que recebe visitantes espontâneos constantemente, a realidade de outras casas artísticas em Niterói é bem diferente. Essas buscam angariar públicos por meio de projetos voltados para a comunidade em conjunto com outras instituições da região, projetos de fora, divulgação on-line e guias turísticos. Segundo Janaína, recepcionista do Museu Janete Costa há mais de cinco anos, o museu recebe quase 80% das visitas por meio dos projetos instituídos e do turismo. Um exemplo é o projeto “Me Inclua Nessa”, em parceria com o Centro de Acolhimento Lélia Gonzalez, que leva crianças ao museu para entrarem em contato com a exposição e participarem de oficinas de criação artística. Em dias de pico o Janete Costa recebe, em média, 30 pessoas.
Foto 2: Entrada do Solar do Jambeiro
Reprodução: Acervo pessoal
Além disso, os museus contam com um público especialmente fiel: os idosos moradores da região. Por serem familiarizados com os espaços e terem mais tempo livre pela cidade durante o dia, a porcentagem de visitantes espontâneos dos museus é, em sua grande parte, composta por eles e estudantes jovens adultos que estudam em campus próximos. De acordo com Elaine, estagiária no Solar do Jambeiro que recepciona e ajuda na produção de exposições, a grande maioria das pessoas que comparecem ao casarão quando ocorre o lançamento de uma nova exposição são idosos e pessoas já ligadas à arte, que ficam sabendo da programação dos centros culturais pelo “boca a boca”.
Os museus niteroienses são símbolos não apenas estéticos, mas históricos e educativos para a região e o baixo fluxo de visitas é desanimador frente à importância desses. Para Giovanna Ortiz, estudante de história da UFF que estagia no Janete Costa, mesmo não recebendo um público espontâneo próximo ao do MAC, “os centros culturais são importantes divulgadores da arte popular e da educação na cidade”.
adorei a matéria! acho importantíssima a existência desses centros culturais na cidade e acredito que deviam ser mais difundidos os eventos neles…
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