Como o evento contribui para a propagação de ideias e cultura para o entorno da Praça da Cantareira.
Por Fabia Mauler
Foto 1: Samba Dandara - Praça da Cantareira
Reprodução: Arquivo pessoal
“É como se a gente transportasse um final de Candomblé para a praça, mostrando que a cultura de terreiro é o alicerce da cultura popular, sobretudo do Rio de Janeiro.”, diz o criador e coordenador da Comunidade Afrocultural Iyalodê e do Samba Dandara, Rafael Campello. Para quem vê de fora, o samba parece apenas mais uma manifestação da praça, mas significa muito mais que isso.
A roda de samba é uma idealização da Comunidade Afrocultural Iyalodê, um projeto que busca a ideia de conversação em locais abertos e a criação de um lugar diplomático para propagação da cultura dos terreiros e religiões de matriz africana. O evento cultural acontece toda penúltima quinta-feira do mês, na Praça da Cantareira, e desde sua primeira edição, conta com a presença de diversos frequentadores do local.
Uma dessas participantes é a estudante Vivian Oliveira, que vê no Dandara um espaço de acolhimento e liberdade. “O samba Dandara representa um resgate ancestral de ritmo e religiosidade. É um lugar onde o povo de axé pode ir tranquilo curtir um som que eles já tem contato, porque além de ter o samba propriamente dito, eles fazem um pequeno xire antes onde se saudam os orixás: exu, ogun, Xangô, oxum. É importante que exista esse resgate pra mostrar às pessoas que o povo de axé existe e que é necessário respeitar toda e qualquer liberdade religiosa”.
Esse também é o sentimento da jornalista Fabíola Natal. “O Samba Dandara tem um grande significado para mim, principalmente como mulher preta e apaixonada por samba, é um sentimento de acolhimento, pertencimento, segurança e representatividade. Estar ali curtindo com pessoas que dividem o mesmo amor que o meu e espalham cultura ao mesmo tempo me traz um escape do cotidiano.”
Para Rafael Campello, o objetivo do Samba na praça é mostrar às pessoas como a cultura do terreiro está misturada à cultura de vida, algo que não é percebido por conta da invisibilidade da afroculturalidade na sociedade.
“A gente vai percebendo que aquela história de samba, festa, de beber, de tomar cerveja, de confraternizar, ela vem quando a pessoa se batiza lá na igreja católica, ela vem quando nasce um filho, ela vem quando você consegue um bom emprego. Você tem essa ideia de que no final daquela notícia, você vai sambar, você vai comungar com os seus, com seu povo, com a sua cultura.”
O Samba Dandara traz aquilo que é a Cantareira, o compartilhamento de vivências e cultura de diversos âmbitos sociais, e sua importância se mostra na influência que ele tem sob o público que o frequenta, como Vivian e Fabíola. Para o criador, o valor é o compartilhamento e o diálogo que o samba traz, e a mensagem que ele pode propagar para a comunidade niteroiense. “Tem dois versos do oriki de Exu que dizem ‘Eu divido minha felicidade e meu dinheiro com Exu.’. Exu é o orixá que representa todos nós juntos, Exu representa a própria sociedade, movimento social, a vida. Então, quando esse verso diz isso quer dizer que eu preciso dividir minha felicidade e o que eu tenho com o outro. E samba é isso, porque ninguém faz samba sozinho. Então o Samba Dandara é estar ali, dialogar com a galera e estar junto com a galera, e eu acho isso muito importante para todos nós, querer isso, conversar e estar junto. A gente precisa estar junto”.
A próxima edição será no dia 17/11, às 20h, em frente ao boteco EmCanta, na Cantareira. Ele é intitulado pela comunidade como “Samba Dandara da vitória”, em homenagem à eleição de Lula como novo presidente.
Parabéns e muito axé aos envolvidos nesse grande e valioso projeto!!!
ResponderExcluirViva o samba!
Viva os povos de Terreiro!
Recebam meu fraterno abraço e o meu saravá!!
Asè e susseço irmão Raphael Campello.
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