Mulheres pretas e pardas são as principais vítimas do crime
Por Sthefany Pereira
Foto 1: Ponte da Boa Viagem– Niterói
Reprodução: Internet
De acordo com as Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal, em 2018 o Estado do Rio de Janeiro registrou 71 feminicídios, número que aumentou para 85 no ano seguinte. Já, em 2020, esse número caiu para 78. De janeiro a maio do ano passado, o Rio contabilizou 42 mortes por feminicídio. No mesmo período de 2022, 51 mulheres foram mortas, um aumento de 21% em relação ao ano anterior.
Só em Niterói, quarta cidade mais populosa do Estado, os registros de feminicídio, entre janeiro e maio de 2022, totalizaram o número de 1 morte e 3 denúncias. Esses dados revelam um acréscimo de 100% nos casos e 66% nas denúncias de atentado contra a mulher, se comparado com o mesmo período do ano passado.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelou que mais de 40% das mulheres mortas são pretas e pardas. A organização ainda registrou a faixa etária das vítimas de feminicídio: 15,2% são mulheres de 25 a 30 anos; 15,1% são de 30 a 35 anos; 35 a 40 anos são 14,8% e 20 a 25 anos são 13%. Armas brancas (facas, machados, martelos) ainda são as mais usadas pelos assassinos, estando presentes em 35,1% dos casos, logo em seguida aparecem as armas de fogo, usadas em 17,3% dos crimes.
Larissa Lopes, gonçalense e militante pelos direitos humanos na Associação Mulheres da Parada, relatou: "Eu, como mulher preta, me impressiono muito com esses dados. São pessoas iguais a mim, sofrendo por ser uma mulher preta. O que torna a gente tão suscetível a sermos mortas dessa forma? Uma coisa é alguém morrer de tiro ou bala perdida, outra coisa é a pessoa ser morta por arma branca. Isso é claramente um crime de ódio!".
Conscientização e acolhimento à mulher
Kênia Costa, assistente social formada pela Universidade Federal Fluminense, informa como o seu segmento é instruído em casos de feminicídio: "O trabalho do assistente social sobre esse tema está muito voltado para ações de prevenção, criando espaços seguros de escutas atentas e sensíveis de acolhimento, para que a gente possa falar sobre esse tema e identificar se a mulher está sofrendo uma situação de violência. Isso para que ela se sinta segura em expor a sua situação."
A Coordenadoria de Políticas e Direitos das Mulheres de Niterói (CODIM), órgão da prefeitura do município criado em 2003, desenvolve políticas públicas que assegurem os direitos das mulheres. A CODIM, em parceria com o Bay Market, um dos shoppings mais populares da cidade, iniciou um movimento de orientação sobre a violência doméstica. A iniciativa expõe cartazes nos banheiros femininos que sugerem locais de acolhimento à mulher vítima de violência.
Foto 2: Cartaz de orientação sobre a violência contra à Mulher – Shopping Bay Market, Niterói
Reprodução: Arquivo pessoal
Sobre o desafio da vítima em identificar um relacionamento abusivo e o dever de movimentar ações contra esse crime, Paula Latgé, que atua como psicóloga da Equipe de Referência para Ações de Atenção ao uso de Álcool e outras Drogas (ERIJAD), revelou: “Entre os espaços privados e públicos os processos de sujeição das mulheres são constantes. E resistir e romper com eles exige um compromisso diário, e escutas e percepções sensíveis de profissionais, que atentos aos detalhes e sutilezas das violências, muitas vezes ditas por olhares e silenciamentos, se tornam aliadas de outras existências, menos subalternizadas. A violência contra as mulheres é uma questão que pertence a todas as redes protetivas: saúde, educação, proteção social, cultura, e nos convoca a reafirmar o direito a uma existência plena, que não reduza corpos, dizeres e subjetividades. ”
Como denunciar?
Por meio do número 180, a mulher poderá obter informações sobre seus direitos, assim como locais de acolhimento.
Codim: (21) 98321-0548
Deam - Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher - Niterói
Endereço: AV ERNANI DO AMARAL PEIXOTO, 577, 24020-073 Niterói, CENTRO, RJ. Telefone: (21) 3399-3700
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