Apesar do slogan, a Prefeitura da cidade parece viver atrasada no tempo na área da educação.
Por Carina dos Santos
Foto 1: Profissionais vão às ruas para realizar manifestação
Reprodução: Site enfoco
Profissionais da educação de Niterói vêm enfrentando dificuldades ao longo do ano de 2022. Após paralisações parciais, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE) decidiu iniciar a greve no dia 31 de agosto. A Prefeitura vinha se recusando a atender às demandas reivindicadas, como pagamento do piso salarial, contratação de novos professores e mudança na nomenclatura das merendeiras para “cozinheiras escolares”. A suspensão da greve ocorreu no dia 14 de setembro, depois do coletivo sindical recorrer ao Ministério Público para mediar a comunicação com a Prefeitura.
A dificuldade em estabelecer o diálogo entre a Secretaria de Educação de Niterói e o sindicato culminou na decisão de iniciar a paralisação. O dirigente do SEPE, Rafael Costa, enfatizou: “O governo teve um momento ruim com a greve, ele não quis dialogar de forma alguma. Eu enxergo a forma como a Prefeitura lidou foi essa, de deixar ir para outras instâncias, ao invés da conversa, a gente teve que ir pro MP para mediar uma conversa e intervir.”
A cozinheira escolar Renata Carvalho ressaltou que as reivindicações são antigas: “O que me afeta diretamente como profissional da educação é a mudança de nomenclatura de merendeira para cozinheira escolar e a redução da carga horária para 30 horas semanais. Há um número enorme de cozinheiras afastadas por doença, afetadas diretamente pela longa jornada de trabalho, acúmulo de funções dentro das cozinhas, falta de equipamentos adequados e péssimas condições de trabalho.”
Embora a Prefeitura Municipal de Niterói reforce em seu site o compromisso em promover melhorias na educação, a paralisação também trouxe transtornos aos alunos, conforme Rafael Fontes afirma: “Para as crianças lá da escola, afetou bastante porque eles sentiram muita falta da rotina, toda criança precisa de rotina para se organizar, organizar os pensamentos, organizar as atitudes, então elas perderam essa rotina e elas voltaram um pouquinho desnorteadas. Para a sociedade foi um impacto grande porque não ter professor na sala é a pessoa se virar com o filho para poder ir trabalhar, a gente sabe que a escola é para a criança aprender, mas também pro pai poder ir trabalhar.”
Da mesma forma, Ana Cláudia, mãe de um aluno da rede municipal, reclama do prejuízo causado pela greve, apesar da escola do filho não ter feito a interrupção: “Eu acho que é muito ruim fazer greve porque devido a essa pandemia, as crianças estão muito prejudicadas, são poucas que estão desenvolvendo, são poucas que estão lendo, poucas que sabem fazer o próprio nome, está tendo uma dificuldade muito grande.”
Foto 2: Alunos em sala de aula
Reprodução: Site da Fundação Municipal de Educação de Niterói
Segundo Ana Cláudia, a escola em que o filho estuda possui uma infraestrutura boa, mas precisa reforçar o número de profissionais em sala de aula: “[...] Tem um suporte muito bom, vários elogios, as professoras sempre atentas, a secretaria, a pedagoga, eu não tenho o que questionar [...] Uma só não dá conta, então as crianças precisam dessa ajuda, fora que tem crianças especiais, então uma professora só para tomar conta de 30 alunos é difícil”.
Renata Carvalho esclarece que a categoria ainda enfrenta dificuldades em resolver as pendências com o governo: “Com relação à Prefeitura atender, quando teve audiência no Ministério Público, uma das coisas que constam na ata da reunião é que teria uma série de audiências entre o sindicato e o governo. Dentro dessas reuniões iriam se discutir as pautas da categoria, que é a mudança de nomenclatura, o pagamento do piso salarial que o governo não está cumprindo, ele está pagando através de abono e só para uma pequena parcela da categoria [...] As audiências vêm sendo adiadas pelo governo e há uma promessa de que na próxima semana terá uma reunião, mas ainda não falaram data e nem horário para retomar as negociações.”
De acordo com o dirigente Rafael, mesmo após o fim da paralisação, o Sepe segue realizando mobilizações: “A categoria já estava massacrada também pela quantidade de descontos, pelos dias de greve e decidiu encerrar por esse momento, mas as movimentações continuam [...] A melhora nunca é imediata, por isso que a luta é constante.”
A Secretaria Municipal de Educação foi procurada para responder às declarações, mas até o fechamento desta matéria, não houve resposta.
Temos muito que avançar na educação básica e a valorização dos profissionais é uma questão central. O número de crianças pequenas sem acesso à escola por falta de vaga na rede municipal é grande. Conheço uma escola que não ofereceu turma pra crianças menores de 1 ano por falta de profissionais
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