Um DCE forte: a representação que os alunos desejam

Diretório Central dos Estudantes da UFF tem o comando renovado e reitera sua importância para os alunos.


Por Esther Gama



Foto 1: Fachada do DCE / Reprodução: A Tribuna

Durante os dias 07 e 09 de novembro ocorreram as eleições para o Diretório Central dos Estudantes da UFF - Fernando Santa Cruz (DCE). Nessas eleições, três chapas estavam disputando o pleito ao DCE, sendo elas a Chapa 1 (Por toda UFF) atual representante do DCE, a Chapa 2 (Pra virar o jogo) e a Chapa 3 (Balança pra esquerda). E, com mais de 68% dos votos (cerca de 7917, no total), a Chapa 2 (“Pra virar o jogo”) foi eleita a nova representante dos estudantes. 


Nesse período de eleições, foi retomada a importância do DCE da UFF, sua história e a luta dos estudantes por uma entidade estudantil que realmente os representa. Ana Clara, 20 anos, é estudante de Química na UFRJ e estava como mesária no IACS (Instituto de Artes e Comunicação Social). “A gente tem que entender que a importância do DCE vem desde a Ditadura, por que o movimento estudantil foi a linha de frente pra acabar com esse regime.”, relatou Ana.


Segundo o site da UFF, “O Diretório Central dos Estudantes (DCE) é uma entidade estudantil que representa todos os estudantes (corpo discente) de uma instituição. Como órgão representativo, o DCE tem o papel de organizar e dar voz às pautas e às demandas dos estudantes e representá-los diante da reitoria. O Diretório Central dos Estudantes da UFF - Fernando Santa Cruz é a entidade máxima de representação dos alunos da Universidade Federal Fluminense.” Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, que dá nome ao DCE, foi um estudante e militante do movimento estudantil brasileiro, símbolo da resistência contra a Ditadura Militar.


É necessário que os estudantes conheçam a real importância do DCE para a vida acadêmica. Alexia Ribeiro, 19 anos, estudante de biologia disse que a eleição é importante para expressar a nossa opinião. “A biologia é um curso muito forte, nós temos 2 diretórios acadêmicos e fomos oprimidos por essa chapa, então eu acho que essa é a oportunidade de votar em outra chapa e tentar mudar isso.”, disse Alexia. Questionada sobre a participação baixa em seu bloco, ela diz que “muitos estudantes acham que o voto não é tão importante assim, e como não é obrigatório, as pessoas são ignorantes no sentido de não saberem a importância de eleger um diretório acadêmico que vá a favor das coisas que a gente acredita e tenha boas propostas.”. 


Uma questão que causa dúvidas sobre as eleições do DCE é: quem são os mesários e como eles são escolhidos? Segundo Miguel Silva, 20 anos, estudante de história na UFRJ, “os mesários são decididos pelas chapas, por exemplo, a UJC (União da Juventude Comunista) está com a Chapa 2, e por isso eu fui escolhido para estar aqui como mesáro”. Ele foi mesário por um dia na UFF no período da tarde, e nos contou que o movimento no bloco de Biologia foi pequeno e esporádico. Somente 203 alunos de um total de 558 compareceram para votar.



Foto 2: Mesário Miguel Silva no bloco de biologia / Reprodução: Arquivo pessoal


Analisando a participação dos estudantes nesta eleição, percebe-se que os estudantes de alguns cursos estão mais empenhados para votar do que de outros, pois muitos não entendem o real significado do DCE. “Durante a pandemia não tive a oportunidade de me ligar à política interna da UFF, mas desde que a gente começou a voltar para o presencial, principalmente quando começou o escândalo das bolsas do PROAES, que não estavam saindo, eu comecei a perceber que é importante a gente ter um DCE muito forte para representar os alunos diante não só da reitoria mas também de toda união nacional”, disse o estudante de biologia, Pedro Gabriel Alcântara, de 21 anos.


João Pedro, 20 anos, faz parte da Coordenação Geral do Centro Acadêmico de História e estava fiscalizando a mesa do ICHF. Ele disse que conseguiram mobilizar muitos estudantes nesses 2 últimos semestres e o resultado foi uma votação histórica, ultrapassando três vezes o padrão normal de votos. “Vemos uma grande mobilização também dos estudantes de medicina, enfermagem e biomedicina, que estudam no Antônio Pedro.'', disse ele.


O resultado das eleições revelou que os estudantes estão sim mais empenhados nas políticas internas da Universidade e parte deles compreendem muito bem a importância de ter um diretório forte e presente. Não estando satisfeitos com a atual gestão, elegeram uma chapa de oposição, independente da reitoria e do governo, que promete relembrar a Memória de Fernando Santa Cruz, ouvir e atender as demandas dos alunos e realmente “Virar o jogo”. “Fazer as coisas sozinhos tem muito menos potencial de chegar longe, e quando a gente faz as coisas coletivamente a gente tem muito mais capacidade de alcançar os objetivos e a melhor forma de fazer isso é tendo uma entidade e sendo bem representado”, conforme disse o fiscal da Chapa 2 e estudante Gestão Pública na UFF, Daniel Silva, de 22 anos.

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