O Coletivo LGBTQIA+ TransParente realiza ensaios de peças teatrais em espaço cultural carente de manutenção e investimento público em Niterói.
Por Ana Campelo
“Nós somos arte, respiramos arte", manifesta Thaís Santos (19), atriz e integrante do coletivo TransParente. Em 2016, o local, que já havia sediado shows para grandes nomes do MPB, como a banda MPB4 e o cantor Gilberto Gil, tornou-se o principal ponto de encontro do grupo. Em contrapartida, as condições atuais do teatro demonstram um cenário distante do qual era conhecido em seus anos de ouro.
Foto 1: “Vejo vida para além do meu corpo”, em parede do teatro do Diretório Central dos Estudantes da UFF
Reprodução: Arquivo pessoal
Na década de 1980, o teatro do DCE Fernando Santa Cruz recebia um espetáculo de inauguração com o grupo musical MPB4 — composto por ex-estudantes da UFF — ao mesmo tempo em que o restante do país se alinhava aos eixos da democracia e à retomada das eleições diretas. O roteirista e diretor do projeto direcionado ao acolhimento de pessoas da comunidade LGBTQIA+, Marcos Campello (52), relembra o passado: “Esse lugar foi de muita tortura, né? Na época da ditadura, pessoas sofreram muito aqui, algumas pessoas foram mortas aqui. Então, esse lugar (o DCE) tem uma história de militância, de resistência, de estar aqui ainda.”
Foto 2: Poltronas do teatro em mau estado de preservação
Reprodução: Arquivo pessoal
Hoje, a falta de investimento em novas reformas de infraestrutura e manutenção técnica é o que impede o espaço de ser usufruído em sua totalidade, principalmente por uma plateia. Descrito por muitos estudantes como “abandonado”, outros até mesmo relataram desconhecer sobre a existência do espaço cultural da universidade.
"Quando chegamos aqui, era tudo muito pior, não tinham aquelas luzes ali (localizadas acima da plateia), não tinha banheiro e, bom, as cadeiras, impraticáveis. A gente até senta um pouquinho aqui, mas não tem muito o que fazer.”, descreve o diretor. Hoje, o coletivo conta com o apoio voluntário de uma equipe de limpeza da UFF para alguns cuidados básicos de preservação, “É no amor mesmo que elas fazem isso.”, complementa.
Mesmo diante dos desafios prévios e, mais recentemente, com a interrupção dos ensaios presenciais devido à pandemia, o TransParente continua em cena, realizando suas produções artísticas na cidade de Niterói e adjacências. Erik Barbosa (24), ator e membro do coletivo, relaciona a escassez de políticas públicas direcionadas à cultura LGBTQIA+ na região com a história do grupo: “Foi assim que o Transparente surgiu. E o fazer aqui dentro é porque é o espaço que a gente tem, sabe?”
Foto 3: Membros do coletivo TransParente posam para foto no palco do teatro
Reprodução: Arquivo pessoal
O coletivo TransParente realiza seus ensaios em dias úteis no teatro do DCE, localizado próximo ao Campus do Valonguinho da UFF. Para saber mais sobre horários, programações de futuras peças e ainda conhecer os demais projetos de acolhimento criados pelo grupo, acompanhe a página do Instagram, @coletivotransparente.
Matéria incrível!! <3 É super importante denunciar os descasos !!
ResponderExcluirMatéria incrível !!!
ResponderExcluirColetivo transparente sempre presente em símbolo de resistência ✊🏿✊🏿🏳️⚧️
ResponderExcluirMuita luta pra fazer cultura lgbtqiap neste país, faltam investimentos e vontade política. Parabéns a repórter pela matéria espetacular!
ResponderExcluirImpressionante abordagem de um assunto essencial para a sociedade. Parabéns aos envolvidos!
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