Acessibilidade nos campi da UFF: direito ou privilégio?


Alunos com deficiência da Universidade Federal Fluminense enfrentam problemas diários em relação à acessibilidade nos Campi. 


Por Malu Alves

Foto: entrada do Campus Gragoatá


Em 2023, foram oferecidas pela UFF 464 vagas para alunos com deficiência na primeira fase do Sisu, mas uma aluna da universidade, recentemente, postou denúncias em suas redes sociais alertando que normas de acessibilidade não estão sendo cumpridas.

No dia 14 de abril de 2023 uma aluna de Relações Internacionais da UFF, postou em suas redes sociais um relato das dificuldades encontradas por ela sendo uma pessoa com deficiência que frequenta a universidade. Ela aponta, em sua postagem, problemas como desníveis das calçadas, elevadores inutilizáveis e chão de ladrilhos que dificulta extremamente a acessibilidade de pessoas cadeirantes. 

A denúncia da aluna repercutiu nas redes sociais, chegando a 1.187 comentários e diversos compartilhamentos. Muitos dos comentários postados foram feitos por outros alunos da instituição relatando problemas que também sofrem com a falta de acessibilidade na instituição. 

Conversando com o aluno do terceiro período do curso de Publicidade e Propaganda, Matheus Silva de Oliveira, que também é um estudante PCD da Universidade Federal Fluminense, os problemas em relação à falta de auxílio por parte da instituição em relação à acessibilidade de pessoas com deficiência ficam ainda mais evidentes.

“As rampas de acesso do novo IACS ainda não estão abertas, mesmo tendo aula. Tem que dar uma volta enorme para entrar porque a maioria das entradas estão fechadas, subir e descer escada toda hora porque quase não tem sinalização das salas.”, disse Matheus em entrevista sobre os problemas que enfrenta todos os dias.

A Secretaria de Acessibilidade e Inclusão da universidade afirma que atualmente 65 pessoas com deficiência são contempladas pela bolsa de apoio a inclusão e mais 40 tem acesso ao programa de auxílio ao estudante com deficiência, números que quando somados não chegam nem na metade da quantidade de vagas disponibilizadas para alunos com deficiência na primeira fase do Sisu.

Matheus tem acesso ao programa de auxílio ao estudante com deficiência  e recebe uma bolsa de quinhentos reais, e relata que a bolsa nem sempre é suficiente para as despesas: “Só esse mês tive que trocar os pés das muletas três vezes, simplesmente porque é horrível ficar andando ali (na parte de fora do IACS) e os pés acabam rachando”.

Ele relatou, também, ter visto a postagem da estudante de R.I. nas redes sociais. “Achei certíssimo. No meu caso é um pouco mais leve porque eu ando de muleta e consigo me virar um pouco melhor sozinho, ela não”, declarou o aluno de Publicidade.

O caso do Matheus e da aluna de R.I. não são os únicos na universidade. Em toda a UFF, alunos com deficiência encontram dificuldades quando o assunto é acessibilidade. Apesar das tentativas de possibilitar o acesso de alunos PCD à universidade, ainda há muito a ser feito e o primeiro passo é ouvir o que os alunos têm a dizer para que mudanças efetivas aconteçam.


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