Bandejão: um olhar dos alunos para um dos serviços mais importantes da universidade



Alunos da Universidade Federal Fluminense reclamam que filas muito grandes e constantes atrasam suas aulas e atrapalham sua vida acadêmica, além de cobrarem mais diversidade no cardápio do Restaurante Universitário.

João Gabriel Rothier 


Foto: área interna do RU

Reprodução: UFF - Restaurante Universitário


Um mês após o início do período letivo de 2023, a situação do Restaurante Universitário se encontra cada vez mais complicada e a perspectiva de melhora não é uma realidade. O RU, tido como o mais barato da América Latina, acaba muitas vezes não correspondendo à sua antiga fama de excelente custo-benefício em relação ao valor e serviço prestado.

O “bandeco”, como é carinhosamente chamado pelos estudantes, impacta a vida de mais de 20 mil alunos em toda instituição. A maioria destes no Campus Gragoatá, principal unidade da Universidade onde o bandejão atende até 7,5 mil pessoas por dia, sendo elas docentes, alunos e colaboradores.

Alunos entrevistados no Gragoatá falaram sobre isso e cobraram melhorias à instituição. Entre as principais reclamações estão os atrasos nos horários de abertura que acarretam nas longas filas já muito conhecidas pelos estudantes.

“Eu geralmente almoço e janto no refeitório, já que moro longe da faculdade. Já aconteceu de me atrasar para uma aula ou deixar de comer para ir pra aula na hora.”

Isabelle, estudante de  Jornalismo.

Essa é uma reclamação recorrente dos alunos e professores do Gragoatá como podemos ver em outros depoimentos ouvidos na orla do Campus. 

“Ao menos uma vez na semana eu almoço e janto no RU. E já me senti prejudicada com os atrasos. Já cheguei a pensar que o principal motivo fosse a falta de organização, mas hoje percebo que vai da disponibilidade dos alunos nos intervalos das aulas. Ou seja, há picos em que o bandejão está muito cheio por conta dos horários em comum que temos entre uma aula e outra.

Aponta Evelyn, estudante de Jornalismo.


“Já me senti muito prejudicada  com a precariedade do funcionamento do RU. Muitas vezes desisti de comer aqui e tive que gastar o pouco dinheiro que tinha comprando lanche porque a fila estava imensa e não dava pra esperar. Acho o bandeco muito útil e importante para nós estudantes, mas se não for manuseado de maneira correta, acaba mais nos prejudicando que ajudando, infelizmente.”

Melanie, estudante de Letras

Indispensável para a manutenção de boa parte dos estudantes no Gragoatá, o funcionamento irregular do Restaurante Universitário acaba prejudicando os estudos de muitos alunos.

“Eu costumo me alimentar no bandejão diariamente, no almoço e no jantar. Eu já me prejudiquei por contas filas grandes que passou do horário de 14 horas e essa é a hora que minhas aulas começam. Eu acho que esses problemas podem ser falta de catracas, o espaço é pequeno para a quantidade de gente. Eu acho que a qualidade caiu um pouco porque antes o cardápio era mais variado e tinha suco.”

Leanderson, estudante de Ciências Biológicas

A variedade é uma pauta bem debatida também, principalmente entre os alunos mais antigos que estão aqui desde antes da pandemia de Covid-19. 

“Eu me alimento no bandejão todos os dias, como eu moro longe acabo comendo aqui em ambos os horários. Me sinto muito prejudicada com os atrasos, tanto pelas aulas que eu tenho no curso integral então geralmente não tenho um período tão longo de 40, 50 minutos para ficar na fila. Eu acho que talvez os períodos de abertura são bem curtos e a galera acaba furando a fila, muitas vezes por necessidade mesmo. Eu tô aqui desde antes da pandemia e antes tinha um cardápio mais variado. Com sucos, sobremesas, frutas etc.”

Rafaela, estudante de Ciências Biológicas

Com o fim da pandemia e volta presencial total da UFF no ano passado, era esperado que a qualidade do RU melhorasse para este ano, mas o corte de verbas e mudanças de organização viraram entraves na evolução do serviço tão essencial para o funcionamento da universidade de modo geral. A esperança é que com o tempo o ‘bandeco’ volte aos seus tempos áureos. Mas, por ora, como estudantes e dependentes do bandejão, cabe a nós cuidar e, também, fiscalizar se as necessidades de todos estão sendo supridas.


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