Como o LUPA ajuda na preservação e na democratização da cultura de Niterói


O Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual da UFF tem projetos ligados à prefeitura, para ajudar na preservação e na acessibilidade de materiais culturais sobre a cidade.

Por Lívia Mendes.


Logo do Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual 

Reprodução: LUPA


A criação do Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual (LUPA) aconteceu em decorrência do pioneirismo do curso de graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense (UFF), que foi o primeiro curso do país a oferecer uma disciplina optativa sobre preservação. Para Rafael de Luna, professor de História do cinema brasileiro e coordenador do laboratório, o LUPA serve como uma forma de expandir os conhecimentos sobre preservação.

“[...] a gente queria expandir para além de apenas uma disciplina na formação dos alunos. Ter um espaço para essas atividades serem desenvolvidas, antes, depois e fora dessa disciplina. Envolvendo além do ensino, pesquisa e extensão”, disse o professor.

Por conta da reforma curricular, a disciplina passou a ser obrigatória no bacharelado em cinema e audiovisual a partir de 2005. Porém, o LUPA tomou forma apenas no ano de 2017, por conta da I Jornada de Estudos em História do Cinema Brasileiro, onde o Laboratório promoveu sua primeira exibição pública de filmes do seu acervo. No ano seguinte, o LUPA criou seu site e conquistou uma sala no IACS.

O processo de preservação dos materiais acontece na sala do laboratório, localizada no IACS, com a colaboração dos alunos que participam do projeto. Os materiais doados são primeiro revisados e catalogados. Eles também são higienizados e acondicionados da maneira correta para durarem por mais tempo. E, eventualmente, esses materiais são digitalizados para que o Laboratório possa dar acesso.


Alunos do curso de cinema da UFF em aula no LUPA, em 2022- IACS - Reprodução: LUPA

O projeto “Niterói em Imagens: repositório digital de fotografias e filmes” é uma parceria entre a Prefeitura de Niterói, através da Secretaria Municipal das Culturas, com a Universidade Federal Fluminense e está sendo desenvolvido pelo LUPA. Ele faz parte do PDPA (Programa de Desenvolvimento de Projetos Aplicados), que também é um projeto da Universidade em parceria com a Prefeitura de Niterói, que busca fortalecer as práticas culturais dos territórios da cidade.

“Niterói em Imagens” contará com registros fotográficos e audiovisuais da história e das transformações, geográficas e culturais, da cidade, que serão disponibilizados em um site para tornar esse conteúdo mais acessível ao público, e quem sabe até servir como um arquivo digital de referência para pesquisadores nacionais e internacionais. Além disso, o site também mostrará a história da cultura audiovisual em Niterói, com informações sobre a trajetória de produtoras, salas de exibição, cineclubes e escolas de cinema que existiram e que ainda estão presentes na cidade.

Outro intuito do projeto é a digitalização e a catalogação de registros particulares de pessoas físicas que possam fazer parte do acervo digital. E para isso, uma campanha para pedir registros fotográficos e audiovisuais foi iniciada. Segundo o coordenador do LUPA, as pessoas que entrarem em contato com o laboratório para disponibilizar esses materiais irão receber uma cópia do material digitalizado em alta resolução. Porém, as imagens terão que ser expostas no site do Niterói em Imagens.

Em entrevista, ao ser perguntado sobre como enxerga a importância da existência e da persistência do LUPA com a Universidade e com a cidade de Niterói, Rafael de Luna falou sobre a missão de preservação feita pelo laboratório:

“Olha, eu acho que é uma oportunidade de os alunos aprofundarem o conhecimento, se envolverem mais com o campo da preservação do audiovisual, inclusive isso interface com a pesquisa histórica, com a tecnologia [...] como ele é um laboratório que tem como missão preservar o cinema do estado do Rio de Janeiro, Niterói incluído, eu acho que ele colabora para reunir, preservar e dar acesso a imagens e sons que de outra maneira se perderam e não estariam disponíveis.”, pontuou Rafael de Luna.

Quem também falou sobre a importância em participar do LUPA, foi a aluna de cinema e monitora do laboratório, Emanuela Patrício:

“Eu acho que aqui é muito bom para você se conectar com o próprio cinema. Se você gostar, é uma revisita ao passado [...] eu acho que preservando a gente salva um pouco da memória de Niterói, a gente tem muito material aqui que fala sobre Niterói. [...] Preservar traz um pouco da memória. Eu acho que é o mais importante e você entende o período que aquelas coisas foram feitas, você pode revisitar o passado de uma forma mais literal, porque você literalmente pode ver como era antigamente, não é só lendo, é vendo também como eram as coisas e acho que isso é super importante em todos os âmbitos, porque isso é literalmente história.”, disse Emanuela Patrício.

O acervo do Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual conta com filmes, equipamentos cinematográficos amadores fluminenses e também com documentos textuais, bibliográficos e iconográficos. Possui cerca de 1500 rolos de filmes catalogados, sendo a coleção Esdras Baptista a maior do acervo, com 1000 rolos de filme. Ele também é responsável pela preservação dos filmes realizados pelo curso de cinema da UFF.


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