A importância dos eventos de alunos para alunos e os obstáculos em concretizá-los
Por Rafael Nascimento
Membros da Atlética de Artes e Comunicação Social durante a preparação de um evento
Reprodução: Acervo da AACS
Entre aulas, provas e trabalhos, as festas universitárias se destacam como momentos de escape e integração. Além de serem uma fonte de diversão, esses eventos desempenham um papel significativo na construção da identidade dos alunos. Ao promover interações sociais e proporcionar um ambiente descontraído, elas abrem portas para novas amizades e experiências enriquecedoras.
“É um momento no qual a gente lembra da responsabilidade de estar curtindo uma festa da faculdade, mas também que a gente é jovem e tem que curtir e celebrar a vida e o fato de termos conseguido chegar ali”, compartilha Fabia Mauler, veterana do curso de Jornalismo na UFF. Sua experiência é par com a de Alex Riker, bacharel em Geografia pela UFF e ex-membro da diretoria da Associação Atlética Integrada de Geociências. “Elas ajudam na integralização dos alunos com a faculdade e com outros alunos, inclusive de cursos diferentes, já que essas festas não se prendem a um só curso. Isso tudo aumenta a vivência que o aluno pode ter na universidade e ajuda a conhecer a cidade na qual ela está inserida, já que muitas vezes o aluno não é daqui. Isso tudo é fundamental.”
As festas se apresentam em diversos formatos, possibilitando que haja um leque de opções para variados públicos. Alguns dos mais famosos incluem as calouradas, atividades e celebrações feitas para recepcionar os alunos ingressantes, e as chopadas, eventos fechados semelhantes a shows, que incluem apresentações musicais e bebidas.
Numerosas e com um grande volume de participantes de dentro e fora da faculdade, as festas acabam por necessitar de diversos espaços para que venham a acontecer, os quais não são facilmente ofertados pela universidade. A falta de disponibilidade de locais na faculdade para a realização das festas universitárias gera uma série de obstáculos que precisam ser superados pelos estudantes organizadores. Além de encontrar lugares adequados, é necessário lidar com questões logísticas, como a obtenção de autorizações e licenças, o controle de acesso e a segurança dos participantes. O envolvimento de uma equipe de apoio comprometida e a busca por parcerias externas, como casas de eventos e espaços alugados, são estratégias frequentemente adotadas para contornar as limitações impostas pelas faculdades.
“É muito difícil ter acesso a esses espaços. Não há debates promovidos pela UFF sobre o bom uso que as Atléticas podem fazer dos espaços na universidade, nem mesmo alternativas oferecidas para quando algum espaço já utilizado fica indisponível”, relata Hernandes Junior, presidente da Atlética de Artes e Comunicação Social, que diz também sentir falta do endossamento da universidade à participação dos estudantes nos eventos, assim como do diálogo com órgãos que intermediam a relação aluno-faculdade. Essa visão dialoga com a de Fabia, que afirma sentir falta do DCE (Diretório Central dos Estudantes) incentivando a realização de eventos entre os estudantes.
Parte das dificuldades, por sua vez, podem ser creditadas ao relacionamento externo e à reputação da universidade, conforme apontado por Riker. “Convivemos nesses últimos anos com muitos cortes de verbas, falácias e discriminação contra a universidade pública, então, infelizmente, nesse contexto ela precisa ser mais rígida para ser um pouco mais respeitada. Qualquer coisa era motivo para fake news e ataques direcionados a faculdade, então, é compreensível, por mais que isso acabe forçando os alunos a procurar outros espaços, às vezes pagos, sem ser o da universidade pública.”, afirma, evidenciando a facilidade com que as festas podem ser subvertidas no olhar público.
Mutirão para auxiliar na produção dos Jogos Universitários de Comunicação Social
Reprodução: Acervo da AACS
Apesar dos desafios, a determinação dos alunos em proporcionar experiências memoráveis e promover a integração entre os estudantes é o que impulsiona a superação dessas barreiras e a realização das festas universitárias.
É com esse espírito que ações e ideias são discutidas e levantadas com o objetivo de tornar possível o acesso aos benefícios trazidos pelas festas universitárias. “Garantir uma calourada no início de cada período, promovendo essa integração entre os alunos, e mostrar oportunidades para que pudessem entrar em contato com as Atléticas e participar delas seria uma iniciativa benéfica para melhorar a situação”, propõe Alex.
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