Falsas promessas da despoluição da Baía de Guanabara afetam pescadores e animais marinhos

Diariamente a Baía de Guanabara recebe 98 toneladas de lixo e 4,5 milhões de litros de esgoto por dia. 


Por Danilo Azevedo


Foto 1: Boneca e lixos na Baía de Guanabara

Reprodução: Cristiano Trad

                       

Diversos municípios da região metropolitana do estado do Rio de Janeiro são banhados pela Baía de Guanabara, que tem aproximadamente uma área de 380 km quadrados. A Baía abriga dezenas de espécies animais, entre elas estão os golfinhos, tartarugas-marinhas e bagres, que são cada vez mais ameaçados pela expansão dos petrolíferos, despejo irregular de esgoto e lixo doméstico. Em todo esse sofrimento do meio ambiente se encontram as falsas promessas de despoluição da Baía de Guanabara, que foram construídas por um grande período. Nos anos anteriores aos jogos olímpicos de 2016, houve uma promessa de legado olímpico, políticos afirmaram que iriam despoluir 80% da baía até 2016, mas a promessa não foi cumprida.


Segundo os dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), diariamente a Baía de Guanabara recebe 98 toneladas de lixo e 4,5 milhões de litros de esgoto por dia. Os municípios no entorno da Baía de Guanabara são o Rio de Janeiro, São Gonçalo, Duque de Caxias, Niterói, Magé, Itaboraí e Guapimirim, destes apenas Niterói tem quase 100% do esgoto coletado, segundo os dados. 


Um dos maiores conhecedores da Baía de Guanabara de Niterói é Gilberto Alves, de 71 anos, morador de Niterói e presidente da Colônia de Pescadores Z8, localizada na Avenida Visconde do Rio Branco, no centro da cidade. Segundo Gilberto, cada dia mais os pescadores estão perdendo espaço não apenas para os lixos domésticos e esgotos, mas também para a ocupação naval e petrolífera, que na maioria das vezes despeja todo o lixo na baía, tendo inclusive vazamentos de óleos e lixos químicos. 


Ao ser questionado sobre o que poderia ser realizado para reverter a situação, o presidente da colônia disse: “É preciso sentar e formar uma mesa com as colônias, empresas, Ministério Público, Universidades, entre outros. É fundamental discutir isso com o poder público. Não adianta sonhar com uma melhora sem união”.                                          


Foto 2: Água despejada de estaleiro na Baía de Guanabara

Reprodução: Custodio Coimbra


O acúmulo de navios abandonados na Baía de Guanabara, cresce constantemente, além de toda poluição visual, existe o ataque a biodiversidade com o ferrugem e o óleo, podendo ser inclusive inflamável. 


“A presença de esgoto causa eutrofização em inúmeros trechos da Baía de Guanabara, fazendo com que diminua a oxigenação da água e, consequentemente, leve à morte da fauna e da flora aquática ocasionando mau cheiro nesses trechos. Essa perda da biodiversidade é proveniente da poluição. Um importante agravante para a perda da biodiversidade é a poluição dos manguezais, que são ecossistemas essenciais por serem berçários para inúmeras espécies que povoam a baía”, afirmou a bióloga Gabriela Souza.



Em meio ao caos é possível ter esperança


Foto 3: Cristo amputado. Lixos na beira da Baía de Guanabara, na Praia de Mauá.

Reprodução: Marcos Serra Lima.


Em abril de 2022 a concessionária águas do Rio anunciou a recuperação das Estações de Tratamento de esgoto e cinturão de coletores de esgoto que serão instalados dentro dos próximos anos, com o intuito de reduzir o derrame de esgoto na Baía de Guanabara. Com inspiração no projeto da Concessionária Prolagos, na Região dos Lagos, que despolui parcialmente a Laguna de Araruama, a maior massa de água hipersalina em estado permanente no mundo. Entretanto, projetos sociais e moradores continuam lutando para que sejam feitas políticas públicas de qualidade voltadas para a Baía de Guanabara.

Comentários

Postar um comentário